Travessia do canal da Mancha...

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quarta-feira, 18 de maio de 2011

“QUANDO NOS OLHAMOS, ENFIM”


Quando nós nos olhamos
És tarde que desanda
Olhos que caiem
Plenos em certeza
Quando nós nos olhamos
 És noite que encanta
Saudosa mocidade 
Ou muita tristeza
Sejam brancas serranias
Ou vontade de chorar
Quando nós nos olhamos
Existe um verbo brando
Um rio,
E um gole de mar
Quando nós nos olhamos
A Alma é como um jardim
Tudo em nós encontramos
Quando nos olhamos enfim.
***

“TRIÁCULO AGIOTADO”


Se de ti amava, não sabia
Candura, arena de vocabulário
Mas, senti-me mais eu, que te fazia
Sibilo de grito temporário;
*
Voz alada, cume de lisura
Tecto ementará da experiência
No doce tento, alguma alvura
Com oráculos de certa ciência
**
Que assim remo encomendo
Grande vontade de olho franzida
O versar de rima, estupendo
Coitando caucasiana sumida.
***

“TRANFORMO-ME EM TI”


Transformo-me em ti
Esvaziando-te copo a copo
Poeta, ou vaga de mim
Canto simples, ou acróstico

Agitas no meu peito a brandura
Na avidez estrábica, desesperada
Vento, enfim, gesto e ternura
Imensidão, poema, voz exultada

Transformo-me em ti
Castelo demorado
Imagem caída,
Paredão mordomado

Transformo-me em ti
Bebida da minha vida
Nato inefável no meu corpo
Transformo-me em ti
Esvaziando-te copo a copo.
***