Travessia do canal da Mancha...

Travessia do canal da Mancha...

sexta-feira, 27 de abril de 2012

“… Sou, gota por verter”




O teu perfume inebria-me um tanto

Quão de mim, em mim possa ser…

Florir de jeito em flor de campo

Paz, amor, opinião ou prazer

Em suma, das vozes, o Mundo seja mutante

E tudo, tudo não passe de um instante.


Se dessa flor possa um Homem comer

Homem ou Mulher, passos angelicais

Se cumpra o dia nos desejos umbigais

Do que somos, ou não somos, por dizer

Assim, o assunto chega aos demais

Sem que se faça, ou o seja, jamais.



A vida, quiçá, brote aromas de prazer

Se lágrima sou, gota por verter.

***

quinta-feira, 26 de abril de 2012

“Caminho de árvore”






Fechou-se a noite nos lábios entumecidos

Ao silêncio, “cumprindo” de rumores agitados

Gritos vorazes, campos magoados

Se do peito, “nas costelas” badalam gemidos

Que lamentem os amargos, sem vozes de explicação

Nas labaredas do tempo, que marcham ao lado

Que alimento é esse que agrada ao gado

E bebe do céu cargos no coração.

Volta-te, que lhe acusas esguias

Rompendo teus braços perdidos ao desdém

Se parece, dali abraças alguém

Olhando para cima de todos os dias…

                    ***

quarta-feira, 25 de abril de 2012

“Carreiro Universal”






Vaguem-se no céu as estrelas

Entre galáxias de luzes e sortes

Que o sonho guia

Acorda e caminha

Sobe os carreiros das mortes

Em suas veredas, carregam molduras

De passos obreiros, a meio inteiros;

Sempre adormecem, sonhando sobre os ponteiros

Escapando às Vozes “agruras” mesmo maduras…

                              ***

“Crédito primeiro”






Digo-te pois, ò festa dura de subir

Que buscas e não achas, ainda que dia…

Acordes te ensinem dessa alegria

Onde se encontra e não podes ir



Pois que alguém te procura, “emundo”

Alguém pode, encontra, alguém quer ser;

Alguém é, se alguém o queira fazer

Se destas coisas manifestas ao Mundo…



Mais me disse; ainda que por outro:

“ Não é chegado o meu tempo,

Mas o vosso, sempre está pronto [i]”.

                        ***



[i] (JO - 7,4)

“Fonte do tempo”






Inânias vêm segredar

Frívolos gritos, tormentos

Quando, levianos desatentos

Abrem bocas, para te cruzar

- Ò vento…

Para onde vais?

Leva-me contigo ao destino;

Onde encontre a caminho,

Das brisas em pedestais;

Leva-me à fonte do tempo

Sem lágrima que te demore,

Ou perca que de ti chore

Contornos de sofrimento…



Ò vento, que não te vejo

Só te oiço murmurar,

Nos lábios que vens tocar

Um jeito feito de beijo.



Não sei de onde vens, nem para onde vais;

Mas sei que te sinto sempre cada vez mais.

                        ***
________________________________________________________________________

sexta-feira, 20 de abril de 2012

“Prova de ânimo”





Se eu soubesse como se chamava;

Argumento de pedra fria…

Quando de longe, amor, abanava

No meu peito a voz que morria;

Chamei-te, de alento,

Triste mouraria

Que em mim constrói o tormento

E a morte de todo o dia.

               ***

"Quero com urgência"




Quero escrever um arco-íris d’amor

Com todas as cores das lágrimas vertidas

Onde, do mais alto acabe a dor

E leve amor às pessoas esquecidas

Quero lavar-me num céu decente

Com banhos de águas vivas

Para que chegue a toda a gente

Ao Mundo e suas feridas

Quero romper a violência

Quero paz e amor com urgência.

                   ***

"Profeta"





Assim brilha a luz verdadeira

Diante daquele, que veio para o que é seu

E é deste a voz derradeira

Quando o que é seu não o conheceu…

Tanto digo o que João dizia;

E disse até que morreu:

O que vem depois de mim

É antes de mim,

Porque foi primeiro do que eu[i].

                 ***



[i] (JO 1,15)