Travessia do canal da Mancha...

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sábado, 29 de setembro de 2012

“Cheguei Tardio”




No rosto cultivo, marcas que a vida disse;
Leitos húmidos, d’amor em águas puras
- Mas porquê, em tal rosto, cor tão triste?
- É o tempo, ó dor, que muito curas

Choro sim, ainda, as lágrimas que chorei
Lavrando mais fundo, a causa, ou razão
Dos cem anos que não nasci, tarde cheguei
Para te abraçar, dos lábios ao coração

Pois que cheguei, tarde, para te ver
Mais tarde, na tarde que te fui conhecer
E em teus braços abertos, choro essa dor

Cheguei, tardio! A beijos incertos
E não te beijei, nem oiro dos desertos
Que colham dos meus olhos, tua boca em flor…

“Caminho de Parecer”




Para ti, ó triste, que lês meu peito
E dele escolhes, a gosto, outras palavras;
Olha aqui, a dor do Homem, do respeito
Perdido em prol de muitas fachadas

Aquando me sento ao largo estendendo a mão
Me vês roto, velho, sem fado ou viola
Julgas-me perdido, sorris e foges então
Pensando mal, pois, olha bem que não peço esmola

Mostro-me simples, demais sou, para mim só
Que sou muito mais, dos tantos que metem dó
Ao tanto que pareço, tudo sou que mereço

Assim, vou a caminho de parecer quem és
Rompendo nos olhos, pedras que mordem meus pés
E alcanço, ao largo, as cores das quais aconteço…