Travessia do canal da Mancha...

Travessia do canal da Mancha...

sexta-feira, 11 de maio de 2012

“Já me sobra nos olhos o desígnio dos versos 1”






Sinto…

Entretido, em mim, teu olhar…

A beldade, nos teus olhos, procurando os meus

Quando se deviam encontrar:

Fogem os teus

Do sol, que te possa iluminar…

Partistes!

Já me sobra nos versos o desígnio dos teus olhos

Num Mundo cruel que só me sabe matar…

Prometo, a mim, todos os dias da minha vida

Varar meus olhos em toda a penúria sentida;

Por não poderem, os teus encontrar

Tais versos saídos, de te sentir e amar…

                               ***

sexta-feira, 4 de maio de 2012

“Oito Rimances”





-Naquele certo dia, a noite chegara cedo
No tempo que em meu coração batia
A lua gritava e o Mundo se abria
A todos os escuros do meu medo

-Não tive outra alternativa,
Que não um segredo vencido
Do sempre que, de mim vertido
Foi e foi, jeito de comitiva

-Mas, não estava para cantigas
Que a voz sobrava ao enredo
Se na garganta secassem cedo
As lágrimas, em ventos convertidas

-Desses ares extrovertidos
Quanto pecantes do destino
Fossem tretas no caminho
De todos os olhos perdidos

-Já me chegava a talhada
Nas balburdias do lirismo
Qual não tivesse civismo
E se ousasse na montada

-Qual trote cavalgadura
Ferrada na fantasia
Que montasse algum dia
Os brancos que página cura

-Só não pode acabar
O atalho da providência
Onde vai a conveniência
Forçar para chegar.

-De porco não me vê tudo
Nem os ossos podem largar
Que enquanto a dor não chegar
Comemora-se o entrudo…


***

“Amor inerente”






Assim foi tua partida
Como uma lágrima caída no meu chão
Que o rosto não mais pode segurar, senão
Do peito fosse perdida

Assim foi o meu amor
Que não podia alcançar
Mesmo de longe te abraçar
Sem as agruras da minha dor

Assim foi, dias acorrentados
Desgostos, segredos por desvendar
Sem a coragem de os marcar
Nos dizeres, a ti, de mim, mais chegados

Eis que me deito e me levanto
Sem nunca sair do chão, que me toque
Que me engula na sua cova e me soque
Na memória, aquilo que não sei tanto…
***

quarta-feira, 2 de maio de 2012

“Fluindo, no horizonte de mim”






O sol nasceu radiante
Sobre a luminosidade de tua beleza
Trajando de imaculado constante
Fios d’Ouro pingando pureza
 
Tudo vestia do branco
Solvido dos olhos que luziam
No céu, um azul deslumbrante
Pelas colinas que os seres serviam
 
Fico ali, imerso nos pensamentos
Olhando um vazio, perfeito, delineado
Fluindo na brisa contornos e correntes
Sobre minha Alma, de plenitude suave
 
Sempre volto na sombra do crepúsculo, ao monte
Para contemplar esse amor, de vento ondulado
Fecho meus olhos, sabendo-te, água de fonte
No horizonte, onde meu rosto é moldado
 
Reparto na Alma aromas de jasmim
Para sentir essa luz," conhecida" apenas por mim.
 ***

terça-feira, 1 de maio de 2012

“Na Boca da Saudade”






Oníricos olhares insolúveis
Lágrimas em verso e paixão
Brios na veia, mais ao coração
Pelo ardor, que em mim vereis

 Incobráveis soluços da voz pendente
Encravados ao leito dos rostos marcados
Pelas linhas mais cruéis, riscados
No horizonte da pérola mais quente

 Dos lábios, ainda perfumados
Pétalas ao deleite do beijo
Teu, onde aventas o desejo
No fulcro dos ventos passados…
 
Quanta terra, ainda, para virar
Se do meu peito sobre a vontade
Dos ventos, na boca da saudade
Inventando um chão a desenterrar…
                         ***